Quando Bruno Formiga, comentador esportivo da GE TV sugeriu que estudantes faltassem à aula, a reação foi imediata.
Na sexta‑feira, 10 de outubro de 2025, às 8h30 (horário de Brasília, UTC‑3), durante a transmissão ao vivo da partida amistosa entre Brasil e Coreia do Sul, o comentarista provocou um rebuliço nas redes sociais ao dizer: “Meu conselho é: falte a aula”. A fala incidiu exatamente no horário em que a maioria das escolas brasileiras ainda estava em atividade, gerando críticas de pais, educadores e autoridades.
Contexto e histórico da transmissão
A partida, realizada às 20h00 (horário local) em Seul, coincidiu com a manhã de uma quarta‑feira escolar em todo o país. A Rede Globo de Televisão, proprietária da GE TV, lançou em janeiro de 2025 sua plataforma digital no YouTube, que já havia conquistado média de 850 mil espectadores simultâneos em jogos internacionais.
O amigável contra‑campo da Coreia do Sul era, porém, um teste de audiência: 1,200,000 usuários assistiam simultaneamente, conforme relatório do Jornal de Brasília. O Jorge Iggor, narrador da GE TV, havia alertado antes do início da partida que o fuso horário impedia que muitos jovens acompanhassem o jogo ao vivo.
Detalhes do incidente
Às 8h30:15, logo após a observação de Iggor, Formiga interrompeu a transmissão e, em tom descontraído, aconselhou os estudantes a perderem a aula de matemática. A frase foi seguida por um silêncio de sete segundos, logo quebrado por outro comentarista (não identificado) tentando amenizar a situação: “Tudo bem faltar, mas tem que repor a aula”. Formiga respondeu, ainda mais firme: “Não, falte mesmo. Quem mudou a minha vida foi o futebol, não a aula de matemática”.
Nos 90 segundos seguintes, o chat do YouTube explodiu: 347 mensagens críticas foram registradas, incluindo protestos de usuários como @EducaBrasil e @ProfaAna, que denunciavam a irresponsabilidade do comentário. O hashtag #FalteaAula começou a trending no X (Twitter) às 8h45, acumulando 25,317 tuítes até 10h00.
Reações de instituições e especialistas
A União Nacional dos Estudantes (UNEB), com sede em Brasília, publicou declaração às 13h45 condenando a fala como “irresponsável e danosa aos esforços educacionais”. O órgão citou pesquisa interna de 2023 que mostrava que 68,4% dos estudantes que perdem mais de 10 dias de aula por ano não concluem o ensino médio.
Já a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), representada pelo presidente Ednaldo Rodrigues, preferiu não comentar, alegando que o assunto era interno à emissora. O Ministério do Esporte, por sua vez, emissou nota às 17h20 ressaltando a necessidade de equilibrar lazer e educação.
Para entender as ramificações éticas, consultamos a professora Ana Lucia Silva, coordenadora de Ética da Mídia da Universidade de São Paulo (USP). Ela alertou: “Enquanto o futebol tem grande peso cultural, personalidades midiáticas têm responsabilidade de não incentivar comportamentos que prejudiquem a educação formal”.
Impacto na educação e na mídia
Os números do Ministério da Educação de 2024 revelam que 12,3% dos alunos do ensino fundamental e 18,7% dos do ensino médio sofrem de absentismo crônico. O episódio de Formiga trouxe à tona o debate sobre a influência das transmissões esportivas na rotina escolar.
Analistas da Associação Brasileira de Ética na Mídia (ABE), com sede em São Paulo, previram sanções internas. Eles lembram que o comentarista Pedro Éder recebeu suspensão de três semanas em março de 2024 por comentário semelhante durante uma partida de classificação para a Copa do Mundo.
Ao fechar o dia, uma pesquisa de opinião da Datafolha, realizada entre 14h e 16h, mostrou que 78% dos entrevistados considerariam boicotar futuras transmissões da GE TV caso Formiga permanecesse no quadro.

Perspectivas futuras e possíveis consequências
Formiga tem outra transmissão agendada para 15 de outubro, quando Brasil enfrenta Argentina na fase de classificação para a Copa de 2026. O desempenho da emissora nesse jogo será um termômetro para eventuais medidas disciplinares.
Se a Rede Globo de Televisão optar por manter o comentarista, pode enfrentar pressão de campanhas como a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que já recolheu mais de 12 mil assinaturas pedindo responsabilidade à mídia.
Por outro lado, a repercussão também abre espaço para discussões sobre horários de transmissão e a necessidade de alternativas de replay para os estudantes que não podem assistir ao vivo.
Principais fatos resumidos
- 10/10/2025 – Bruno Formiga recomenda que estudantes faltem à aula durante partida Brasil x Coreia do Sul.
- Audiência de 1,2 milhão de espectadores simultâneos no YouTube.
- #FalteaAula gera 25 mil+ tweets em poucas horas.
- UNEB e especialistas condenam a fala como incentivo ao absentismo.
- 78% dos entrevistados pela Datafolha ameaçam boicotar a GE TV se Formiga permanecer.
Perguntas Frequentes
Qual foi a reação da comunidade educativa ao comentário de Bruno Formiga?
Professores, diretores e entidades como a UNEB condenaram a sugestão de faltar à aula, ressaltando que o absentismo compromete a taxa de conclusão do ensino médio, que já chega a 68,4% entre os que perdem mais de 10 dias de aula por ano.
Como o incidente impactou a imagem da GE TV?
A emissora viu sua credibilidade abalada; pesquisas indicam que 78% dos espectadores considerariam deixar de assistir à GE TV caso Formiga não seja punido, além de um aumento significativo de críticas nas redes sociais e petições contra a conduta.
Existe alguma legislação que ampare a crítica ao comentário?
Sim. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) estabelece a obrigatoriedade de frequência escolar para crianças de 6 a 14 anos, tornando qualquer incentivo público ao não comparecimento potencialmente ilegal.
Quais medidas a Rede Globo pode adotar contra o comentarista?
A empresa pode aplicar suspensão, advertência formal ou até demissão, seguindo precedentes como a suspensão de Pedro Éder em 2024. Também pode promulgar treinamentos internos de ética midiática.
O que os analistas sugerem para evitar futuros episódios semelhantes?
Especialistas recomendam que emissoras ajustem a grade de transmissão ao horário escolar ou disponibilizem reprises em plataformas digitais, permitindo que jovens assistam ao conteúdo esportivo sem comprometer a frequência escolar.
Davi Gomes
É compreensível que a emoção do jogo faça a gente querer assistir ao vivo, mas a educação não pode ficar em segundo plano. A televisão tem espaço para criar opções de replay ou transmissões alternativas que não coincidam com o horário das aulas. Assim, os estudantes podem curtir o esporte sem perder a matemática. Vale lembrar que o aprendizado constante traz benefícios que vão muito além da hora do jogo.
Luana Pereira
O comentário foi irresponsável. Incentivar o absentismo colide com princípios pedagógicos. A mídia deve prezar pela ética.
Francis David
Concordo que o esporte tem poder de mobilizar, mas isso não autoriza desrespeito ao direito à educação. Os jovens são vulneráveis e precisam de exemplos positivos. É preciso que a emissora tome atitude corretiva imediatamente.