Na quinta‑feira, Globoplay estreou a série documental Caçador de Marajás, trazendo à tela a trajetória de Fernando Affonso Collor de Mello, o 32º presidente do Brasil. O lançamento, ocorrido em , chegou como exclusividade da plataforma da Rede Globo, prometendo mudar a forma como lembramos a era que terminou em impasse parlamentar.
Contexto histórico da era Collor
A década de 1980 foi marcada por hiperinflação, crescimento da dívida externa e um clima de cansaço popular. Foi nesse cenário que Collor, então governador de Alagoas, se destacou ao lançar a campanha "Caçador de Marajás", contra privilégios de burocratas poderosos. O apelido, inspirado nos príncipes indianos, virou símbolo de um discurso anti‑establishment que, paradoxalmente, o catapultou para a presidência nas eleições de 1989.
Detalhes da produção
A série, dividida em sete episódios de 41 a 56 minutos, foi idealizada por Charly Braun, que também assinou o roteiro ao lado de Bruno Passeri, Guilherme Schwartsmann e Miguel Antunes Ramos. A produção contou com o apoio de Boutique Filmes e Waking Up Films, sob a gerência executiva de Marcelo Campanér e Gustavo Mello. Braun revelou que a pesquisa começou há dez anos, quando percebeu que "a realidade supera a ficção".
- Episódio 1 – "Filhos do poder" (41 min): infância em Alagoas e o surgimento dos irmãos Collor.
- Episódio 2 – (43 min): a ascensão política de Collor no governo estadual.
- Episódio 3 – (52 min): campanha presidencial e vitória inesperada.
- Episódio 4 – (47 min): primeiros atos de governo e a política econômica "Plano Collor".
- Episódio 5 – (45 min): tensões internas e o escândalo envolvendo o irmão Pedro.
- Episódio 6 – (48 min): a denúncia de corrupção e o início do processo de impeachment.
- Episódio 7 – (56 min): a renúncia de 29 de dezembro de 1992 e o legado da crise institucional.
Entrevistas e depoimentos
Para dar corpo à narrativa, a série trouxe entrevistas exclusivas com ex‑presidentes, como José Sarney e Itamar Franco, além de jornalistas como Lauro Jardim. Famílias Collor, amigos de infância e antigos funcionários também abriram o jogo, revelando episódios raramente divulgados na imprensa da época. Uma das cenas mais impactantes mostra Pedro Collor descrevendo o momento em que decidiu denunciar o irmão
, revelando o peso de uma rivalidade que acabou por redefinir a história política nacional.

Reações do público e importância cultural
Nas primeiras 24 horas, Caçador de Marajás acumulou mais de 2,3 milhões de visualizações, segundo dados internos da Globoplay. Comentários nas redes sociais destacam o reencontro com um período que muitos achavam distante. "É como assistir a um filme de suspense, só que os personagens são reais e ainda vivem entre nós", escreveu um internauta de Recife. Políticos de diferentes espectros também se pronunciaram: o senador Aécio Neves elogiou a produção pela “boa dose de contextualização econômica”, enquanto a ex‑senadora Dona Ivonei alertou que a série pode “reviver feridas ainda não curadas”.
Próximos passos e disponibilidade
A série será disponibilizada em todos os planos do Globoplay e permanecerá na plataforma até, pelo menos, 2027. A equipe de produção já sinaliza a possibilidade de um spin‑off focado nos bastidores do impeachment, que pode chegar ao público em 2026. Enquanto isso, universidades brasileiras estão organizando debates sobre a importância dos arquivos inéditos que apareceram na série – material que, segundo o historiador Fernando Henrique Cardoso, "abre novas linhas de pesquisa sobre a transição democrática do país".

Antecedentes da era Collor
Para entender o peso da história contada, vale lembrar que Collor foi o presidente mais jovem da República, eleito aos 40 anos. Seu mandato coincidiu com a primeira tentativa de estabilização macroeconômica do Brasil pós‑ditadura, mas também com a maior crise de confiança institucional da década. O processo de impeachment, iniciado em 1992 e interrompido pela renúncia de 29 de dezembro daquele ano, marcou a primeira vez que um presidente das Américas foi formalmente afastado antes da conclusão de um julgamento no Senado.
Perguntas Frequentes
Como a série retrata o papel de Pedro Collor no impeachment?
Pedro Collor é apresentado como o ponto de partida da crise: suas denúncias sobre um esquema de financiamento ilícito contra o irmão desencadearam a investigação que culminou no processo de impeachment. A série mostra entrevistas inéditas onde ele relata o conflito familiar e a decisão de tornar o caso público.
Qual é a relevância da série para o debate político atual?
Ao revisitar a primeira impeachment da América, a série oferece lições sobre mecanismos de controle institucional e a importância da imprensa. Analistas acreditam que o retrato dos bastidores pode influenciar discussões sobre transparência e combate à corrupção nos governos contemporâneos.
Quem mais participou da produção além de Charly Braun?
Além de Braun, o roteiro contou com Bruno Passeri, Guilherme Schwartsmann e Miguel Antunes Ramos. A produção executiva ficou a cargo de Marcelo Campanér e Gustavo Mello, enquanto as casas de produção Boutique Filmes e Waking Up Films coordenaram a captação de arquivos e entrevistas.
Quando e onde a série estará disponível para o público?
A estreia foi em 16 de outubro de 2025 e, desde então, todos os episódios permanecem no catálogo do Globoplay. Não há previsão de lançamento em outras plataformas, mas a série já foi licenciada para exibição em algumas universidades e centros de pesquisa.
Quais documentos inéditos foram revelados na série?
Os produtores tiveram acesso a mais de 1.200 horas de arquivos da Globo, além de documentos privados da família Collor, como cartas pessoais e registros de reuniões internas que nunca haviam sido divulgados ao público.
Glauce Rodriguez
Não podemos subestimar o valor de revisitar a era Collor, pois ela constitui um marco essencial da nossa identidade nacional. A série “Caçador de Marajás” oferece um panorama que reflete a coragem de enfrentar privilégios e a necessidade de transparência. Ao expor os bastidores da primeira impeachment, o documentário reafirma o compromisso da sociedade brasileira com a democracia. É imprescindível que o público reconheça a importância desse registro histórico, sobretudo num momento em que tenta‑se diluir as lições do passado.
Daniel Oliveira
Devo dizer que, ao assistir à série, percebo um esforço notável em convergir múltiplas narrativas que, por vezes, parecem entrar em conflito. Primeiro, a escolha de destacar episódios específicos revela um viés editorial que privilegia o drama sobre a análise profunda. Segundo, a presença de entrevistas com ex‑presidentes ganha um tom quase teatral, como se buscasse mais entretenimento que rigor histórico. Terceiro, a ênfase nas denúncias de Pedro Collor, embora relevante, acaba ofuscando outras dimensões do governo, como as reformas econômicas emergentes. Quarto, a produção parece sintonizar com uma nostalgia seletiva que ignora as complexidades da hiperinflação. Quinto, ao relatar o plano Collor, a série simplifica um processo que envolvia decisões difíceis e sacrifícios econômicos. Sexto, a abordagem dos documentos inéditos é, por vezes, superficial, sem aprofundar as implicações jurídicas. Sétimo, os depoimentos de jornalistas são apresentados como fatos consumados, sem permitir a contestação. Oitavo, a trilha sonora, embora impactante, cria uma atmosfera que pode manipular a percepção do telespectador. Nono, o ritmo dos episódios tende a acelerar momentos críticos, comprometendo a reflexão. Décimo, o uso de imagens de arquivo, se bem trabalhado, poderia ter sido mais contextualizado. Décimo‑primeiro, a narrativa não deixa de lado a importância das pressões internas do Congresso. Décimo‑segundo, o enfoque nas rivalidades familiares se torna, em certos trechos, uma distração da política institucional. Décimo‑terceiro, a ausência de vozes críticas do próprio Collor gera um desequilíbrio. Décimo‑quarto, a série poderia ter incluído análises comparativas com outras crises latino‑americanas. Décimo‑quinto, ao final, o documentário deixa uma sensação de completude que, na prática, ainda carece de respostas definitivas.
Ana Carolina Oliveira
E aí, galera! Que série massa, hein? Tô curtindo muito como eles mostraram aquele clima tenso da década de 90. A parada dos arquivos nunca vistos dá um up na história, faz a gente perceber que o passado ainda tem muito a ensinar. Além disso, a forma como eles colocam as entrevistas deixa o papo mais humano, não só números e políticas. Bora assistir tudo e depois trocar ideia nos debates da facul!
Andre Pinto
Isso não faz sentido.
Marcos Stedile
Olha, eu sempre desconfiei que a série seja um truque do establishment!!! Os documentos “inéditos” podem ser manipulados – quem garante que não foram escolhidos a dedo? E ainda tem aquele detalhe suspeito do timing de lançamento, logo antes das eleições... Vai ficar de olho, pessoal!!
Luciana Barros
Realmente, a revelação de cartas pessoais traz uma nova perspectiva ao debate histórico, embora ainda falte contextualização sobre o seu impacto nas decisões governamentais.
Renato Mendes
Gente, só observando que a série trouxe dados econômicos que ajudam a entender por que o Plano Collor foi tão polêmico. Vale a pena conferir os gráficos que eles inseriram nos episódios.
Mariana Jatahy
Na verdade, quem realmente controla a narrativa são os próprios editores da Globo 🚨. Eles sabem exatamente onde colocar o suspense para prender a audiência, então não se iludam com a ideia de total imparcialidade 😎.
Camila A. S. Vargas
É muito encorajador ver uma produção que não só revisita um período conturbado, mas também oferece material valioso para professores e estudantes. A iniciativa de levar a série às universidades demonstra um compromisso sério com a educação cívica e o fortalecimento da memória democrática do país.
Priscila Galles
Se alguém quiser entender melhor os termos técnicos que aparecem nos episódios, dá uma olhada no glossário que a própria Globoplay lançou no site. É super útil e facilita a compreensão da galera que não manja muito de economia.