O Adeus a um Pioneiro do Cinema Novo
Em um emocionante tributo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Agência Nacional do Cinema (Ancine) recordaram o legado do aclamado cineasta Cacá Diegues, que faleceu no dia 14 de fevereiro de 2025, aos 84 anos de idade. Diegues, co-fundador do emblemático movimento *Cinema Novo*, foi uma figura essencial na representação das realidades sociais e econômicas do Brasil através das telas de cinema.
Seus trabalhos mais notáveis, como *Bye, bye Brasil* (1980), *Xica da Silva* (1976) e *Deus é brasileiro* (2003), não só entreteram plateias, mas também provocaram reflexões sobre as desigualdades e a riqueza cultural do nosso país. Lula destacou em seu discurso como os filmes de Diegues refletem a história do Brasil e o espírito combativo do cinema nacional, que sempre renasce das cinzas. Segundo o presidente, Diegues 'mostrou ao mundo nosso jeito de ser e a luta contínua do nosso cinema'.
Legado Cultural e Reconhecimento
A Ancine reforçou a importância de Diegues como uma inspiração perpétua para a cultura audiovisual brasileira, enaltecendo suas contribuições em mais de 20 longas-metragens. Em 2018, Diegues foi admitido na Academia Brasileira de Letras, um reconhecimento de seu papel vital na construção da narrativa nacional através do cinema.
Os serviços fúnebres ocorreram na sede da Academia no Rio de Janeiro, em um ambiente repleto de amigos, familiares e admiradores que vieram prestar suas últimas homenagens. O corpo de Diegues foi cremado no Cemitério do Caju, encerrando uma jornada inesquecível que ilumina a história do cinema brasileiro.
Este reconhecimento não é apenas uma celebração de sua vida e obra, mas também uma reafirmação do valor e da influência duradoura que Diegues teve e terá sobre o futuro do cinema no Brasil.
Michele De Jesus
Cacá Diegues foi um dos poucos que conseguiu transformar a miséria em poesia sem romantizar. Seus personagens não eram heróis, eram gente real. E isso faz toda a diferença.
Lucas Augusto
O cinema brasileiro, desde o Cinema Novo, sempre foi um espelho distorcido da realidade - e Cacá, com sua câmera humanista, foi um dos poucos que recusou a distorção ideológica. Sua obra é um tratado filosófico sobre a identidade nacional, não apenas entretenimento.
Tainara Black
Nem todo mundo que fala de ‘Cinema Novo’ entende o que isso significa. E olha que eu já vi filme dele na casa da vó, sem som, só com a imagem. Foi mais poderoso que qualquer Netflix.
jean wilker
Eu lembro de ver Xica da Silva na escola e não entender tudo, mas sentir algo. Hoje, aos 35, entendo que ele mostrou a força das mulheres negras antes de todo mundo. Isso é legado.
Eliane Lima
Se o cinema brasileiro quer renascer, precisa voltar ao que Diegues fez: olhar para baixo, com respeito. Não para o glamour, não para o exterior. Para a gente mesmo.
adriana serena de araujo
Diegues não só fez filmes - ele criou memórias coletivas. Quando eu vi Bye, Bye Brasil pela primeira vez, senti que ele estava falando comigo, com minha família, com todos os que nunca aparecem nos jornais. Isso é arte política.
Plinio Plis
Ele mostrou o Brasil que não vendemos pro mundo. O verdadeiro.
Paula Toledo
Lula falou bonito, mas onde estão os recursos? Onde estão os cinemas públicos? Onde estão os jovens que vão continuar esse legado? Honrar é bom. Financiar é melhor.
Moshe Litenatsky
O Cinema Novo foi um movimento de vanguarda, mas hoje é um museu. Diegues foi um gênio, mas o que resta? Um monte de acadêmicos falando de ‘representatividade’ enquanto os jovens assistem TikTok. O cinema não morreu - foi enterrado por burocratas.
Bruno Góes
só quero saber se tem algum filme dele no netflix brasil. tipo, o que eu posso ver agora?
Camarão Brasílis
faleceu
Anderson da silva
É inaceitável que um artista da envergadura de Cacá Diegues, cuja obra transcende o mero entretenimento e se insere no âmbito da antropologia cinematográfica, seja homenageado apenas com discursos protocolares, sem que haja uma reformulação estrutural do financiamento público para a produção audiovisual. A Ancine, em sua atual configuração, é uma instituição burocrática que não consegue replicar a ousadia estética e política do Cinema Novo. É uma tragédia.
marcio pachola
xica da silva é o melhor filme do brasil
Laís Alves
Ah, então agora o cinema brasileiro é só sobre homenagens e discursos de presidente. Enquanto isso, o orçamento da Ancine foi cortado pela metade. O tributo mais real? Um cheque no banco, não um discurso na Academia.
Rogerio Costa da silva
Cacá Diegues foi mais que um cineasta, ele foi um arquiteto da memória coletiva brasileira. Cada quadro dele era uma lição de história viva, uma denúncia silenciosa, uma celebração disfarçada de drama. Ele não filmava pessoas, ele filmava almas que o sistema tentou apagar. E quando ele fez Bye, Bye Brasil, não foi só um circo itinerante que ele mostrou - foi a alma do povo brasileiro andando de carreta, cantando, sofrendo, resistindo, sem nunca perder o sorriso. Ele foi o primeiro a dizer que a pobreza não é feia, é corajosa. Que o sertão não é atraso, é sabedoria. Que o negro não é personagem secundário, é o protagonista da própria história. E hoje, quando vejo os jovens do TikTok tentando recriar esse espírito com 15 segundos de dança e filtro de arco-íris, eu sinto uma dor profunda. Porque Diegues não fez cinema para vender. Ele fez cinema para lembrar. Para não esquecer. Para que a gente não se torne um país que só sabe olhar para cima e nunca para dentro. E o pior? Ninguém mais tá disposto a olhar para dentro. O cinema brasileiro hoje é um fantasma andando pelas salas de cinema vazias, esperando alguém que ainda se importe. E eu, por mais que eu seja só mais um, não vou esquecer. Porque ele me ensinou que o Brasil não está nos cartões postais. Está nas pernas cansadas de quem ainda acredita.